sexta-feira, 8 de abril de 2011

ROTINA

Maria Dolores

         Alma querida, às vezes, chora
         Na rotina que acolhes por dever
         Pelo frio das horas
         Que o relógio te aponta
         No que tens a fazer.

         É a profissão que te reclama tempo,
         É o lar, pedindo-te atenção,
         Através de pequenos compromissos,
         E o tempo voa
         Qual dádiva do Céu que passa em vão.

         Mas a rotina inclui outros problemas:
         É o carinho de alguém que chega de improviso,
         É o amigo que vem
         Recordar quanto é preciso
         Trabalhar para o bem.

         É o parente que chega para confidências,
         Largou-se do trabalho por minutos,
         Num estreito intervalo.
         Fala das provações que está sofrendo
         E faz-se imprescindível conforta-lo.

         E o dia passa nas tarefas
         E nos encontros com que não contavas...
         O Sol se foi e eis que a sombra se inclina
         Por toda a casa e ouço-te o lamento:
         - “Como é triste a rotina!”

         Entretanto, alma irmã, ainda hoje,
         Pude cumprimentar pessoas generosas
         Aturdidas por amargura imensa...
         Desejam trabalhar mas não conseguem,
         Algemadas ao peso da doença.

         Acompanhei equipes de visita
         Aos irmãos que tateiam livros, vasos, flores,
         Segregados em rude solidão...
         Anseiam abraçar amigos que aparecem
         Mas estão cegos de visão.

         Diversos companheiros vi de perto,
         Mostrando no silêncio
         Raciocínios agudos...
         Pretendem dialogar, trocando idéias,
         Entretanto, estão mudos.

         Abeirei-me de muitas criaturas
         Em estradas e ermos esquecidos
         Aguardando o socorro que não vem...
         Recordam com saudade os entes que mais amam
         E não surge ninguém!...

         Reflete nos irmãos, em grandes provas,
         Que vivem sem a mínima esperanças,
         Da esperança que adoça os dias teus...
         E, louvando a rotina que te guarda,
         Rende graças a Deus!...


 Francisco Cândido  Xavier. Da obra: Dádivas de Amor. Ditado pelo Espírito Maria Dolores
Digitado por: Lúcia Aydir

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