Tema da semana: “Preces Inteligíveis”, de 26/12/2011 a
01/01/2012.
Irmão X
Instado pela assembléia de amigos a falar sobre a
resposta do Criador às preces das criaturas, respondeu o velho Simão Abileno,
instrutor cristão, considerado no Plano Espiritual por mestre do apólogo e da
síntese:
-Repetirei para vocês, a nosso modo, antiga lenda
que corre mundo nos contos populares de numerosos países . Em grandes bosque da
Ásia Menor, três árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos
gloriosos e diferentes. A primeira explicou que aspirava a ser empregada no
trono do mais alto soberano da Terra; após ouvi-la, a segunda declarou que
desejava ser utilizada na construção do carro que transportasse os tesouros
desse rei poderoso, e a terceira, por último, disse então que almejava
transformar-se numa torre, nos domínios desse potentado, para indicar o caminho
do Céu. Depois das preces formuladas, um Mensageiro Angélico desceu à mata e
avisou que o Todo-Misericordioso lhes recebera as rogativas e lhes atenderia às
petições. Decorrido muito tempo, lenhadores invadiram o horto selvagem e as árvores,
com grande pesar de todas as plantas circunvizinhas, foram reduzidas a troncos,
despidos por mãos cruéis. Arrastadas para fora do ambiente familiar, ainda
mesmo com os braços decepados, elas confiaram nas promessas do Supremo Senhor e
se deixaram conduzir com paciência e humildade. Qual não lhes foi, conduzir com
paciência e humildade. Qual não lhes foi, porém, a aflitiva surpresa! . Depois
de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de animais que, de
imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à alimentação de
carneiros; a segunda foi adquirida por um velho praiano que construía barcos
por encomenda; e a terceira foi comprada e recolhida para servir, em momento
oportuno, numa cela de malfeitores. As árvores amigas, conquanto separadas e
sofredoras, não deixaram de acreditar na mensagem do Eterno e obedeceram sem
queixas às ordens inesperadas que as leis da vida lhes impunham . No bosque,
contudo, as outras plantas tinham perdido a fé no valor da oração, quando,
transcorridos muitos anos, vieram a saber que as três árvores haviam obtido as
concessões gloriosas solicitadas . A primeira, forrada de panos singelos,
recebera Jesus das mãos de Maria de Nazaré, servindo de berço ao Dirigente Mais
Alto do Mundo; a segunda, trabalhando com pescadores, na forma de uma barca
valente e pobre, fora o veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre
as águas muitos dos seus mais belos ensinamentos; e a terceira, convertida
apressadamente numa cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte
e, ali, ereta e valorosa, guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor
no extremo sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do Reino Celestial .
Simão silenciou, comovido.
E, depois de longa pausa, terminou, a entremostrar
os olhos marejados de pranto:
-Em verdade, meus amigos, todos nós podemos
endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas
preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humildade, para
esperar e compreender as respostas de Deus.
Do livro À
Luz da Oração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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