quinta-feira, 3 de maio de 2012

DEVER CRISTÃO


Tema da semana:
O dever
de 30/04/2012 a 06/05/2012
Hilário Silva

Rossi e Alves eram diretores de conhecido templo espírita e davam-se muito bem na vida particular. Afinidade profunda. Amizade recíproca. Sempre juntos nas boas obras, integravam-se perfeitamente no programa do bem.
Alves, com desapontamento, passou a saber que Rossi, nas três noites da semana sem atividades doutrinárias, era visto penetrando a porta de uma casa evidentemente suspeita, lugar tristemente adornado para encontros clandestinos de casais transviados.
Persistindo semelhante situação por mais de um mês, Alves, certa noite, informado de que o amigo entrara na casa referida, veio esperá-lo à saída.
Dez, onze, meia-noite...
Alguns minutos depois de zero hora, Rossi saiu calmo e o amigo abordou-
- Meu caro – advertiu Alves, sisudo _, não posso vê-lo reiteradamente neste lugar. Você é casado, pai de família e, além de tudo, carrega nos ombros a responsabilidade de mentor em nossa Casa. Nada podemos condenar, mas você não ignora que álcool e entorpecentes, aí dentro, andam em bica...
Rossi coçou a cabeça num gesto característico e observou:
- Não há nada. Estou apenas cumprindo um dever cristão.
- Dever cristão?
- Sim, a filha de um dos meus melhores amigos está freqüentando este circulo. Jovem inexperiente. Ave desprevenida em furna de lobos. Enganada por lamentável explorador de meninas, acreditou nele... Mas a batalha está quase ganha. Convidei-a a pensar. Há mais de um mês prossegue a luta. Hoje, porém, viu com os próprios olhos o logro de que é vítima. Acredito que amanhã surgirá renovada...
E ante os olhos desconfiados do amigo:
- Você sabe. É preciso agir, sem rumor, sem escândalo. Quem sabe? Talvez em futuro próximo a invigilante pequena possa encontrar companheiro digno. E ser mãe respeitada.
Alves riu-se às pampas, de maneira escarninha, e falou:
- Vou ver se é verdade.
- Não, não! Não vá! – pediu Rossi, em suplica ansiosa.
- Tem medo de ser apanhado em mentira? – disse Alves, com a suspeita no rosto.
E sem mais nem menos entrou casa adentro encontrando, num pequeno salão, sua própria filha chorando ao pé de um cavalheiro desconhecido...


Do livro “A vida escreve”.
Psicografia de Franscisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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