Tema da semana
“O que se deve
entender por pobres de espírito"
de
21/05/2012 a 27/05/2012
Allan Kardec
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
O que se deve entender por pobres de espírito
1. Bem-aventurados os pobres de
espírito, pois que
deles é o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, v. 3.)
2. A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito,
como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino
dos céus e não para os orgulhosos.
Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente
tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas
como indignas de lhes merecer
a atenção. Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa
tendência, de se acreditarem superiores
a tudo, muito amiúde os leva a
negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a
Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial
sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem
governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se
aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação
as sentenças que proferem.
Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja
fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à idéia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os
faria descer do pedestal onde se contemplam. Dai o só terem sorrisos de
mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão grande cópia, que não podem crer em coisas, segundo
pensam, boas apenas para gente simples, tendo
por pobres de espírito os que as tomam a sério.
Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse
mundo invisível de que escarnecem. E lá que os
olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode
receber da mesma forma aquele que
lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se lhe submeteu às leis,
nem os aquinhoar em partes iguais.
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis
Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o
ignorante possuidor dessas qualidades
será preferido ao sábio que mais crê em si do que em
Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria
das
virtudes que aproximam
de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura,
e isso por uma razão multo
natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho
é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade
do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.
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