sábado, 16 de junho de 2012

A PALAVRA DE DEUS

Tema da semana
Dai a César o que é de César”
de 11/06/2012 a 17/06/2012

Richard Simonetti



1 – A Bíblia é a palavra de Deus?
É a palavra dos homens, eventualmente sob inspiração de Espíritos Superiores, que orientam em nome de Deus.

2 – Moisés enquadra-se nessa condição?
Moisés legislou para o seu tempo. Os 613 mandamentos a ele atribuídos, 248 positivos, o que fazer, e 365 negativos, o que não fazer, dizem respeito às disciplinas de um povo belicoso e materialista. Há algo de inspiração superior ali, mas há muito de inspiração humana. Além do mais, Moisés não conseguiu superar seus próprios condicionamentos. Agia com braço de ferro, determinando sentenças de morte até para quem desrespeitasse a proibição de trabalhar no sábado, contrariando o não matarás, da Tábua da Lei, que ele mesmo redigira, sob inspiração superior.

3 – No livro Gênesis está a história da Criação. Até que ponto podemos considerar o que ali vai relatado como expressão da realidade?
Trata-se de uma fantasia, uma bela história da carochinha. O Homem está na Terra há pelo menos um milhão de anos. Seu aparecimento foi a culminância de uma evolução dos seres vivos, como bem explica Darwin. Um dos equívocos lamentáveis da teologia medieval foi eleger a experiência do povo judeu, retratada no Velho Testamento, com todas as suas mitologias e fantasias, como berço do Homem. Milênios antes da cultura judaica tivemos inúmeras outras, destacando-se a China, a Índia, o Egito, a Babilônia… Qualquer delas poderia, com mais propriedade, até por critério de antiguidade, ser situada como o princípio da história humana.

04 – Moisés se destaca no Velho Testamento, tanto quanto Jesus, no Novo Testamento, como as figuras principais. Que importância o Espiritismo atribui a ambos?
Moisés falou para um povo, para uma época. Jesus falou para a Humanidade, para todos os tempos. A revelação de Jesus tem um caráter universalista e perene, porquanto, sendo o mais perfeito Espírito que já transitou pela Terra, como destaca a questão 625, de O Livro dos Espíritos, era inspirado por Deus. Nesse aspecto podemos dizer que há em Jesus a palavra de Deus.

05 – Jeová, o Deus do Velho Testamento, é o mesmo Deus proposto por Jesus?
São tão diferentes que é preciso renunciar inteiramente ao bom senso para imaginar que possam ser a mesma divindade. O Jeová de Moisés é um deus guerreiro, violento e cruel, que se vinga até a quarta geração daqueles que o ofendem, e determina que os judeus, em terra inimiga, passem a fio de espada tudo o que tem fôlego, envolvendo seres humanos, aves, peixes, animais… O Deus revelado por Jesus é o pai de amor e misericórdia, que trabalha incessantemente pela felicidade de seus filhos; que festeja o filho pródigo que retorna, e recomenda que jamais nos envolvamos com a violência, ou respondamos ao mal com o mal.

06 – O que você considera mais importante, no Velho Testamento?
A Tábua dos Dez mandamentos, que expurgada da interferência humana, talvez do próprio Moisés, resume o que não devemos fazer – não matar, não roubar, não mentir, não trair, não cobiçar. Temos aí, em síntese, a Revelação da Justiça, a demonstrar que nossos direitos terminam onde começam os direitos do próximo.

07 – Qual a postura de Jesus em relação ao Velho Testamento?
Jesus revogou o que era de caráter humano, e ratificou o que era de inspiração de divina. Quando Jesus inicia suas observações dizendo “tendes ouvido o que foi dito aos antigos”, está se referindo a Moisés. E quando afirma: “eu porém, vos digo”, está modificando a legislação mosaica para uma visão de caráter universalista e perene.

08 – Considerada essa postura de Jesus, o que ele destaca no Velho Testamento?
O amor a Deus acima de todas as coisas, registrado em Deuteronômio (6:5) e ao próximo como a nós mesmos, em Levítico (19:18). Quando Jesus proclama que ali estão a Lei e os Profetas, deixa bem claro que os dois mandamentos sintetizam o que de melhor há no Velho Testamento. Cultivando o amor fatalmente observaremos a justiça preconizada na Tábua da Lei, porquanto o amor, como destaca Paulo, “é paciente e benigno. Não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece. Não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.”

Fonte:http://www.richardsimonetti.com.br/pingafogo/exibir/135

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