Tema da semana
“Beneficência
exclusiva”
de 13/08/2012 a
19/08/2012
Emmanuel
Quase
todos os santuários religiosos divididos entre si, na esfera
dogmática, isolam-se indebitamente, disputando privilégios e
primazias. E até mesmo nos círculos da atividade cristã, o
espírito de exclusivismo tem dominado grupos de escol, desde os
primeiros séculos de sua constituição.
Em
nome do Cristo, muitas vezes a tirania política e o despotismo
intelectual organizaram guerras, atearam fogueiras, incentivaram a
perseguição e entronizaram a morte.
Pretendendo
representar o Mestre, que não possuía uma pedra onde repousar a
cabeça dolorida, o Imperador Focas estabelece o Papado, em 607,
exalçando a vaidade romana. Supondo agir na condição de seus
defensores, Godofredo de Bulhão e Tancredo de Siracusa organizam, em
1096, um exército de 500.000 homens e estimulam conflitos
sangrentos, combatendo pela reivindicação de terras e relíquias
que recordam a divina passagem de Jesus pela Terra. Acreditando
preservar-lhe os princípios salvadores, Gregório IX, em 1231,
consolida o Tribunal da Inquisição, adensando a sombra e
fortalecendo criminosas flagelações, no campo da fé religiosa.
Convictos de garantir-lhe a Doutrina, os sacerdotes punem com o
suplício e com a morte valorosos pioneiros do progresso planetário,
quais sejam Giordano Bruno e João Huss.
Semelhantes
violências, todavia, não passam de manifestações do espírito
belicoso que preside as inquietudes humanas. Cristo nunca endossou o
dogmatismo e a intransigência por normas de ação.
Afirma
não haver nascido par destruir a Lei Antiga, mas para dar-lhe fiel
cumprimento.
Não
hostiliza senão a perversidade deliberada.
Não
guerreia.
Não
condena.
Não
critica.
Combate
o mal, socorrendo-lhe as vítimas.
Dá-se
a todos.
Ensina
com paciência e bondade o caminho real da redenção.
Começa
o ministério da palavra, conversando com os doutores do Templo, e
termina o apostolado, palestrando com os ladrões.
A
ninguém desdenha e os transviados infelizes lhe merecem mais
calorosa atenção.
Prepara
o espírito dos pescadores para os grandes cometimentos do Evangelho,
com admirável confiança e profunda bondade, sem exigir-lhes
qualquer atestado de pureza racial.
Auxilia
mulheres desventuradas, com serenidade e desassombro, em
contraposição com os preconceitos do tempo, trazendo-as, de novo, à
dignidade feminina.
Não
busca títulos e, sim, inclina-se, atencioso, para os corações.
Nicodemos,
o mestre de Israel, e Bartimeu, o cego desprezado, recebem dEle a
mesma expressão afetiva.
A
intolerância jamais compareceu ao lado de Jesus, na propagação da
Boa Nova.
O
isolacionismo orgulhoso, na esfera cristã, é simples criação
humana, fadado naturalmente a desaparecer, porque, na realidade,
nenhuma doutrina, quanto o Cristianismo, trouxe, até agora, ao mundo
atormentado e dividido os elos de amor e luz da verdadeira
solidariedade.
Do
livro “Roteiro”.
Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
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