Tema da semana
“Provas voluntárias. O verdadeiro cilício”
de 29/10/2012 a
04/11/2012
Allan
Kardec
26. Perguntais se é licito ao homem
abrandar suas próprias provas. Essa questão equivale a esta outra:
É lícito, àquele que se afoga, cuidar de salvar-se? Aquele em quem
um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?
As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a
paciência e a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em
posição penosa e difícil, precisamente para se ver obrigado a
procurar meios de vencer as dificuldades. O mérito consiste em
sofrer, sem murmurar, as consequências dos males que lhe não seja
possível evitar, em perseverar na luta, em se não desesperar, se
não é bem-sucedido; nunca, porém, numa negligência que seria mais
preguiça do que virtude.
Essa
questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse:
"Bem-aventurados os aflitos", haverá mérito em procurar,
alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de
sofrimentos voluntários? A isso responderei muito positivamente:
sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações
objetivam o bem do próximo, porquanto é a caridade pelo sacrifício;
não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem
daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por
fanatismo.
Grande
distinção cumpre aqui se faça: pelo que vos respeita pessoalmente,
contentai-vos com as provas que Deus vos manda e não lhes aumenteis
o volume, já de si por vezes tão pesado; aceitá-las sem queixumes
e com fé, eis tudo o que de vós exige ele. Não enfraqueçais o
vosso corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo,
pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a
vossa missão de trabalhar na Terra. Torturar e martirizar
voluntariamente o vosso corpo é contravir a lei de Deus, que vos dá
meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquece-lo sem necessidade é
um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis, tal a lei. O abuso
das melhores coisas tem a sua punição nas inevitáveis
consequências que acarreta.
Muito
diverso é o quê ocorre, quando o homem impõe a si próprio
sofrimentos para o alívio do seu próximo. Se suportardes o frio e a
fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e
alimentado e se o vosso corpo disso se ressente, fazeis um sacrifício
que Deus abençoa. Vós que deixais os vossos aposentos perfumados
para irdes à mansarda infecta levar a consolação; vós que sujais
as mãos delicadas pensando chagas; vós que vos privais do sono para
velar à cabeceira de um doente que apenas é vosso irmão em Deus;
vós, enfim, que despendeis a vossa saúde na prática das boas
obras, tendes em tudo isso o vosso cilício, verdadeiro e abençoado
cilício, visto que os gozos do mundo não vos secaram o coração,
que não adormecestes no seio das volúpias enervantes da riqueza,
antes vos constituístes anjos consoladores dos pobres deserdados.
Vós,
porém, que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e
viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra? Onde a vossa
coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais do
combate? Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas e não
aos vossos corpos; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne;
fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações;
flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor da injúria
e da calúnia, mais pungente do que a dor física. Aí tendes o
verdadeiro cilício cujas feridas vos serão contadas, porque
atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade
de Deus. Um anjo guardião. (Paris,
1863)
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Trovadores
do além - 208
Considera
os dissabores
Quais
furacões de fumaça...
Poeira
de muita cores
Que
sufoca, ensina e passa...
Oscar Batista
Do
livro “Trovadores do além”.
Psicografia
de “Francisco Cândido Xavier”.
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