Tema da semana
“Humor”
de 15/10/2012 a
21/10/2012
Richard Simonetti
Eu
estava muito bem, saudável, animado...De repente, sem motivo
palpável, caí na "fossa" - uma angústia invencível, uma
profunda sensação de infelicidade, como se a vida não tivesse mais
graça...
Queixas
assim são frequentes nas pessoas que procuram o Centro Espírita.
Nesse estado toma corpo, não raro, a ideia de que a morte é a
solução.
Conversávamos,
certa feita, num hospital, com um rapaz que tentara o suicídio
ingerindo substância tóxica. Socorrido a tempo, amargava sofrida
recuperação.
Tentamos definir o motivo
de tão grave iniciativa:
-
Alguma desilusão sentimental?
-
Absolutamente. Não tenho namorada.
- Problemas familiares?
-
Pelo contrário. Dou-me muito bem com meus pais e irmãos.
-
Perdeu o emprego?
- Trabalho há anos na
mesma firma. O patrão parece contente comigo.
- Então, o que foi?
-
É que eu estava entediado de viver. Entrei em estado de tristeza e
achei que seria melhor morrer.
- Já se sentiu assim,
anteriormente?
- Sim, de vez em
quando...
Em
psicologia o paciente poderia ser definido como ciclotímico, alguém
com temperamento sujeito a variações intensas de humor - alegria e
tristeza, euforia e angústia, serenidade e tensão. Tem períodos de
grande energia, confiança, exaltação, alternados com aflições.
Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã temores e inibições.
Os
períodos negativos podem prolongar-se, instalando a depressão, a
exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se
alterna com estados de euforia, em que o paciente parece totalmente
recuperado, sem que nada tenha ocorrido para justificar a mudança de
humor, emprega-se a expressão "depressão endógena", algo
que tem sua origem nas tendências constitucionais herdadas, algo que
faz parte da personalidade do indivíduo.
Há
uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança,
realmente, não de nossos pais, mas de nós mesmos, porquanto as
características fundamentais de nossa personalidade representam,
essencialmente, a soma de nossas experiências em vidas pretéritas.
O
que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos
colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto
é inadmissível, além de não encontrar respaldo científico, a
existência de uma herança psicológica embutida nos elementos
genéticos.
O
que pesa sobre nossos ombros, favorecendo os estados depressivos, é
a carga dos desvios cometidos, das tendências inferiores
desenvolvidas, dos vícios cultivados, do mal praticado. Há pessoas
que, pressionadas por esse peso mergulham tão fundo na angústia que
parecem cultivar a volúpia do sofrimento, com o que comprometem a
própria estabilidade física, favorecendo a evolução de desajustes
intermináveis.
De
certa forma somos todos ciclotímicos, temos variações de humor,
sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a
vida; amanhã brigados com a humanidade. Nas nuvens por algum tempo;
depois na "fossa".
E
nem sempre, como ocorre com o paciente ciclotímico, há
justificativa para essa alternância. Pelo contrário: frequentemente
nosso humor opõe-se às circunstâncias, como o indivíduo
plenamente realizado no terreno afetivo, social e profissional que,
não obstante, experimenta períodos de angústia; no outro extremo,
o doente preso ao leito, padecendo dores e incômodos, que tem
momento de indefinível alegria e bem – estar.
Essa
ciclotimia guarda relação com os processos de influência
espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de
Espíritos perturbados e perturbadores, que consciente ou
inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo
"encosto" para esse envolvimento.
Por
outro lado, os estados de euforia, sem motivo aparente, resultam do
contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo
algo de suas vibrações alentadoras.
-
Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz , sem
nenhum "grilo" na cabeça - diz alguém, sem saber que tal
disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante
as horas de sono físico, favorecendo-lhe um "alto astral".
Importante
lembrar, também, o ambiente como fator de indução que pode
precipitar estados de depressão, ou euforia.
Num
velório, onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo
desespero, em angústia extrema, marcada por gritos e choro
convulsivo, muitas pessoas se sentirão deprimidas, porquanto os
sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não
possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita
facilidade.
Inversamente,
comparecendo a uma reunião de cunho religioso, onde se cultua a
prece, no empenho de comunhão com a Espiritualidade, ouvindo
exortações relacionadas com a virtude e o bem, experimentaremos
maravilhosa sensação de paz, como se houvéssemos ingerido
milagroso elixir.
Há
outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François
de Genève, no capítulo V, de "O Evangelho Segundo o
Espiritismo": "Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza
se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a
vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à
liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em
vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços,
cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a
lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais
infelizes. "Crede-me, resisti com energia a essas impressões,
que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os
homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não a busqueis
neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe
pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que lhe vos
reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos
ajudar a romper os liames que vos mantém cativo o Espírito.
Lembrai-vos de que , durante o vosso degredo na Terra , tendes que
desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à
vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos
confiou. Se, no curso desse degredo provação, exonerando-vos dos
vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações
e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar.
Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos
amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre
eles, vos estenderão braços, a fim de guiar-vos a uma região
inacessível às aflições da Terra."
Podemos
concluir, em resumo, que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre
em função de pressões ambientes, de influências espirituais, do
peso do passado e das saudades do além.
E como superar as
variações de humor, mantendo a serenidade e a paz em todas as
situações ?
É
evidente que não a faremos da noite para o dia, como quem opera um
prodígio, mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa
maneira de pensar e agir, o que pede o concurso do tempo.
Considerando,
entretanto, que influências boas ou más passam necessariamente
pelos condutos de nosso pensamento, podemos começar com o esforço
por disciplinarmos nossa mente, não nos permitindo ideias negativas.
O
apóstolo Paulo, orientando a comunidade cristã, em relação aos
testemunhos necessários, ressalta bem isso, ao proclamar, na
Epístola aos Felipenses (4:8):
"Tudo
o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama,
se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe
o vosso pensamento".
Fonte:
www.caminhosluz.com.br
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Humorismo
no Além
O
homem amadurece
À
custa de provação;
Sem
a presença do fogo
Não
se pode fazer pão
Casimiro
Cunha
Livro:
Humorismo no Além
Francisco
C. Xavier
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