Tema
da semana
“Os
laços de família fortalecidos pela reencarnação e quebrados pela
unicidade da existência”
de
31/12/2012 a 06/01/2013
Allan
Kardec
18.
Os
laços de
família
não sofrem destruição
alguma com a reencarnação,
como o
pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se
mais
fortalecidos e
apertados.
O princípio
oposto, sim, os destrói.
No
espaço, os Espíritos
formam grupos
ou famílias
entrelaçados pela
afeição, pela
simpatia e
pela semelhança das inclinações.
Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se
buscam uns aos outros. A encarnação
apenas momentaneamente os separa,
porquanto, ao regressarem à
erraticidade, novamente se
reúnem
como amigos
que voltam de uma viagem.
Muitas vezes,
até, uns
seguem a outros na encarnação,
vindo aqui
reunir-se numa
mesma família, ou num mesmo
círculo, a
fim de
trabalharem juntos pelo seu mútuo
adiantamento. Se uns encarnam e
outros não, nem por isso deixam de
estar unidos pelo pensamento.Os que se
conservam livres
velam pelos que se
acham em cativeiro.
Os mais
adiantados se esforçam
por fazer que os retardatários
progridam.
Após cada
existência, todos tem avançado um
passo na senda do aperfeiçoamento.
Cada vez menos presos à
matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão
mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem
as sombras das paixões. Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado
número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a
mútua estima que os liga.
Está bem visto que aqui
se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à
destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem
apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo
dos Espíritos. Duráveis somente o são as afeições espirituais;
as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem.
Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto
a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se unem
exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são
umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu.
19. A união e a
afeição que existem entre pessoas parentes são um índice da
simpatia anterior que as aproximou. Daí vem que, falando-se de
alguém cujo caráter, gostos e pendores nenhuma semelhança
apresentam com os dos seus parentes mais próximos, se costuma dizer
que ela não é da família. Dizendo-se isso, enuncia-se uma verdade
mais profunda do que se supõe. Deus permite que, nas famílias,
ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos,
com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de
meio de progresso. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao
contacto dos bons e por efeito dos cuidados que se lhes dispensam. O
caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se
esvaem. É desse modo que se opera a fusão das diferentes categorias
de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.
20. O temor de que
a parentela aumente indefinidamente, em consequência da
reencarnação, é de fundo egoístico: prova, naquele que o sente,
falta de amor bastante amplo para abranger grande número de pessoas.
Um pai, que tem muitos filhos, ama-os menos do que amaria a um deles,
se fosse único? Mas, tranquilizem-se os egoístas: não há
fundamento para semelhante temor. Do fato de um homem ter tido dez
encarnações, não se segue que vá encontrar, no mundo dos
Espíritos, dez pais, dez mães, dez mulheres e um número
proporcional de filhos e de parentes novos. Lá encontrará sempre os
que foram objeto da sua afeição, os quais se lhe terão ligado na
Terra, a títulos diversos, e, talvez, sob o mesmo título.
21. Vejamos agora
as consequências da doutrina anti-reencarnacionista. Ela,
necessariamente, anula a preexistência da alma. Sendo estas criadas
ao mesmo tempo que os corpos, nenhum laço anterior há entre elas,
que, nesse caso, serão completamente estranhas umas às outras. O
pai é estranho a seu filho. A filiação das famílias fica assim
reduzida à só filiação corporal, sem qualquer laço espiritual.
Não há então motivo algum para quem quer que seja glorificar-se de
haver tido por antepassados tais ou tais personagens ilustres. Com a
reencarnação, ascendentes e descendentes podem já se terem
conhecido, vivido juntos, amado, e podem reunir-se mais tarde, a fim
de apertarem entre si os laços de simpatia.
22. Isso quanto ao
passado. Quanto ao futuro, segundo um dos dogmas fundamentais que
decorrem da não-reencarnação, a sorte das almas se acha
irrevogavelmente determinada, após uma só existência. A fixação
definitiva da sorte implica a cessação de todo progresso, pois
desde que haja qualquer progresso já não há sorte definitiva.
Conforme tenham vivido bem ou mal, elas vão imediatamente para a
mansão dos bem-aventurados, ou para o inferno eterno. Ficam assim,
imediatamente e para sempre, separadas e sem esperança de tornarem a
juntar-se, de forma que pais, mães e filhos, maridos e mulheres,
irmãos, irmãs e amigos jamais podem estar certos de se verem
novamente; é a ruptura absoluta dos laços de família.
Com a reencarnação e
progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a
encontrar-se na Terra e no espaço e juntos gravitam para Deus. Se
alguns fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a
sua felicidade, mas não há para eles perda de toda esperança.
Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam, um dia sairão
do lodaçal em que se enterraram. Com a reencarnação, finalmente,
há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados, e
daí, estreitamento dos laços de afeição.
23. Em resumo,
quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro de
além-túmulo: 1ª, o nada, de acordo com a doutrina materialista;
2ª, a absorção no todo universal, de acordo com a doutrina
panteísta; 3ª, a individualidade, com fixação definitiva da
sorte, segundo a doutrina da Igreja; 4ª, a individualidade, com
progressão indefinita, conforme a Doutrina Espírita. Segundo as
duas primeiras, os laços de família se rompem por ocasião da morte
e nenhuma esperança resta às almas de se encontrarem futuramente.
Com a terceira, há para elas a possibilidade de se tornarem a ver,
desde que sigam para a mesma região, que tanto pode ser o inferno
como o paraíso. Com a pluralidade das existências, inseparável da
progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações
entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira
família.
CITAÇÕES
DO LAR
Agradece
à família em que nasceste; ela é valiosa seção do grande
educandário da Terra, em que a Providência Divina te matriculou
para estágio transitório no serviço de teu próprio
aperfeiçoamento.
João
Augusto Chaves
Livro:
“Praça Da Amizade” - Psicografia: Francisco Cândido Xavier -
Autores Espirituais Diversos.
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