Tema
da semana
“A
Fé Religiosa. Condição da Fé Inabalável”
de
21/01/2013 a 27/01/2013
Allan
Kardec
6.
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas
especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm
seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou
cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o
verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a
razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro,
cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade
garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes,
dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz
meridiana. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade;
preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é
confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
7.
Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar
muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a
fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe.
Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la,
mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais
básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que
compete procurá-los; a eles é que cumpre ir -lhe ao encontro e, se
a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la. Tende, pois,
como certo que os que dizem: “Nada de melhor desejamos do que crer,
mas não o podemos”, apenas de lábios o dizem e não do íntimo,
porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto,
se multiplicam ao seu redor; por que, pois se recusam em vê-las?
descaso; da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos;
da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a
existência de uma força superior, porque teria de curvar -se diante
dela.
Em
certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma centelha basta
para desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades
espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras
pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos
evidente de naturezas retardatárias. As primeiras já creram e
compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam:
estão com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender:
estão com a educação por fazer. Ela, entretanto, se fará e, se
não ficar concluída nesta existência, ficará em outra.
A
resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém
menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé
necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo
em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso,
sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século, tanto
assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior
número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a
abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o
raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé
que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade,
dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no
espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé
raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma
obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e
ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis porque não se
dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade.
A
esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da
incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e
interessada.
FÉ
A
fé persiste, constantemente nova, rejuvenescida a cada hora que
passa, transpondo as barreiras dos anos, imortalizada, porque é
emanação divina que o espírito auxilia e absorve.
Ferraz
de Macedo
Livro
“Dicionário da Alma” psicografia de Francisco Cândido Xavier;
autores diversos.
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