Tema
da semana
“Jeremias
e os falsos profetas”
de
25/03/2013 a 31/03/2013
Irmão X
Narra-nos um episódio
autêntico que certo orientador do mundo israelita enviou um
discípulo, que se notabilizara na interpretação dos Profetas, pata
determinada cidade, cujos habitantes se chafurdavam em vícios e
enfermidades de toda espécie, com a recomendação de prestar-lhes
concurso ativo.
Dois lustros correram, e
porque as notícias do burgo fossem cada vez mais inquietantes, o
guia do povo chamou o enviado, que compareceu, em atitude hierática,
mostrando, na túnica lirial e no semblante mortificado de jejuns, a
rigorosa observância da Lei.
Às primeiras
interpelações ouvidas, respondeu, em tom grave:
- Mestre, para dar
exemplo de virtude, retirei-me para o campo, onde todos sabem que
existo.
-Compreendo – disse o
mentor -, a solidão é necessária para que o pensamento se refaça
com a inspiração divina; contudo, sem ligação com as criaturas
humanas, é impraticável qualquer obra de auxílio.
E o entendimento
continuou:
- Para não errar, vivo
em completo mutismo, no fervor da oração.
- Medida essencialmente
importante, mas, ainda que tenhamos de aprender em duras
experiências, é preciso falar para que o bem seja feito.
- Expondo a pureza dos
meus sentimentos, visto-me exclusivamente de branco...
- Costume honroso; no
entanto, isso não deve impedir que nossa roupa se enodoe no trabalho
de ajuda aos outros, para ser novamente lavada em momento oportuno.
Minhas refeições são
apenas de ervas.
- Hábito excelente;
contudo, para trazer o corpo em condições de servir, é importante
não desertar dos sistemas da alimentação comum, embora seja nossa
obrigação garantir a simplicidade e fugir aos desregramentos,
usando a carne, o leite, os ovos, as folhas, os frutos e as raízes
dos animais e das plantas, tão somente na quota indispensável à
manutenção da existência.
- Durmo sem qualquer
agasalho, fustigando as tendências inferiores...
- Louvável propósito,
mas, na preservação da saúde orgânica, é justo repousar, nos
moldes em que os outros descansam, a fim de que a vida no corpo nos
ofereça rendimento para o melhor.
- Faço, porém, muito
mais... Tenho o leito eriçado de pregos, castigando a volúpia da
carne...
- Nobre intento, sem
dúvida... Entretanto, vale mais combater a nós mesmos, na prestação
de serviço ao próximo, para que a nossa luta não seja vã...
Silenciando o pupilo,
indagou o chefe:
- E a tarefa de que te
incumbiste?
- Mestre – replicou o
mensageiro, desapontado -, sinceramente devo dizer que os cuidados na
apresentação da virtude me tomam o tempo todo...
Nisso, belo cavalo de
alvo pelo entrou no átrio da casa, conduzindo pobre ferido, cujas
últimas energias o deserto esgotara...
O velho orientador
comandou as providências iniciais de socorro e, trazendo o discípulo
à frente do soberbo animal que escarvava o solo, falou com bondade:
- Pois olha, meu filho,
este cavalo igualmente mora no retiro da Natureza, não se expressa
em linguagem humana, veste-se todo em cabelos cor de neve, come
apenas a erva do chão, dorme ao relento, é calçado de cravos
perfurantes e não passa de um cavalo... Mesmo assim, é o
companheiro dos viajantes fatigados e, ainda agora, acaba de
arrebatar um mercador prestimoso à sepultura de areia...
Em seguida, demandou o
interior para confortar o recém-chegado, deixando o aprendiz a
meditar quanto à vontade da virtude vazia.
Contos Destas e Doutra
Vida – Chico Xavier / Irmão X
TROVADORES
DO ALÉM
Verdade – mágoa
bendita
Sobre dons renovadores.
Lisonja – serpente
linda
Guardada em cesto de
flores.
Lopes Filho
Livro
Trovadores do Além - Psicografia de Francisco C. Xavier - Autores
Diversos
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