Tema da semana
“Reconciliar-se com
os adversários”
de 11/03/2013 a
17/03/2013
Irmão
X
Certa
feita, Simão Pedro perguntou a Jesus:
—Senhor,
como saberei onde vivem nossos maiores inimigos? Quero combatê-los,
a fim de trabalhar com eficiência pelo Reino de Deus.
Iam
os dois de caminho entre Cafarnaum e Magdala, ao sol rutilante de
perfumada manhã.
O
Mestre ouviu e mergulhou-se em longa meditação.
Insistindo,
porém, o discípulo, ele respondeu benevolamente:
—A
experiência tudo revela no momento preciso.
—Oh!
– exclamou Simão, impaciente – a experiência demora muitíssimo.
O
Amigo Divino esclareceu, imperturbável:
—Para
os que possuem “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, uma hora,
às vezes, basta ao aprendizado de inesquecíveis lições.
Pedro
calou-se, desencantado.
Antes
que pudesse retornar às interrogações, notou que alguém se
esgueirava por trás de velhas figueiras, erguidas à margem. O
apóstolo empalideceu e obrigou o Mestre a interromper a marcha,
declarando que o desconhecido era um fariseu que procurava
assassiná-lo. Com palavras ásperas desafiou o viajante anônimo a
afastar-se, ameaçando-o, sob forte irritação. E quando tentava
agarrá-lo, à viva força, diamantina risada se fez ouvir. A
suposição era injusta. Ao invés de um fariseu, foi André, o
próprio irmão dele, quem surgiu sorridente, associando-se à
pequena caravana.
Jesus
endereçou expressivo gesto a Simão e obtemperou:
—Pedro,
nunca te esqueças de que o medo é um adversário terrível.
Recomposto
o grupo, não haviam avançado muito, quando avistaram um levita que
recitava passagens da Tora e lhes dirigiu a palavra, menos
respeitoso.
Simão
inchou-se de cólera. Reagiu e discutiu, longe das noções de
tolerância fraterna, até que o interlocutor fugiu, amedrontado.
O
Mestre, até então silencioso, fixou no aprendiz os olhos muito
lúcidos e inquiriu:
—Pedro,
qual é a primeira obrigação do homem que se candidata ao Reino
Celeste?
A
resposta veio clara e breve:
—Amar
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
—Terás
observado a regra sublime, neste conflito? – continuou o Cristo,
serenamente – recorda que, antes de tudo, é indispensável nosso
auxílio ao que ignora o verdadeiro bem e não olvides que a cólera
é um perseguidor cruel.
Mais
alguns passos e encontraram Teofrasto, judeu grego dado à venda de
perfumes, que informou sobre certo Zeconias, leproso curado pelo
profeta nazareno e que fugira para Jerusalém, onde acusava o Messias
com falsas alegações.
O
pescador não se conteve. Gritou que Zeconias era um ingrato,
relacionou os benefícios que Jesus lhe prestara e internou-se em
longos e amargosos comentários, amaldiçoando-lhe o nome.
Terminando,
o Cristo indagou-lhe:
—Pedro,
quantas vezes perdoarás a teu irmão?
—Até
setenta vezes sete – replicou o apóstolo, humilde.
O
Amigo Celeste contemplou-o, calmo, e rematou:
—A
dureza é um carrasco da alma.
Não
atravessaram grande distância e cruzaram com Rufo Grácus, velho
romano semiparalítico, que lhes sorriu, desdenhoso, do alto da
liteira sustentada pelos escravos fortes.
Marcando-lhe
o gesto sarcástico, Simão falou sem rebuços:
—Desejaria
curar aquele pecador impenitente, a fim de dobrar-lhe o coração
para Deus.
Jesus,
porém, afagou-lhe o ombro e ajuntou:
—Por
que instituiríamos a violência no mundo, se o próprio Pai nunca se
impôs a ninguém?
E,
ante o companheiro desapontado, concluiu:
—A
vaidade é um verdugo sutil.
Daí
a minutos, para repasto ligeiro, chegavam à hospedaria modesta de
Aminadab, um seguidor das idéias novas.
À
mesa, um certo Zadias, liberto de Cesárea, se pôs a comentar os
acontecimentos políticos da época. Indicou os erros e desmandos da
Corte Imperial, ao que Simão correspondeu, colaborando na poda
verbalística. Dignitários e filósofos, administradores e artistas
de além-mar sofreram apontamentos ferinos. Tibério foi invocado com
impiedosas recriminações.
Finda
a animada palestra, Jesus perguntou ao discípulo se acaso estivera
alguma vez em Roma.
O
esclarecimento veio depressa:
—Nunca.
O
Cristo sorriu e observou:
—Falaste
com tamanha desenvoltura sobre o Imperador que me pareceu estar
diante de alguém que com ele houvesse privado intimamente.
Em
seguida, acrescentou:
—Estejamos
convictos de que a maledicência é algoz terrível.
O
pescador de Cafarnaum silenciou, desconcertado.
O
Mestre contemplou a paisagem exterior, fitando a posição do astro
do dia, como a consultar o tempo, e, voltando-se para o companheiro
invigilante, acentuou, bondoso:
—Pedro,
há precisamente uma hora procurava situar o domicilio de nossos
maiores adversários. De então para cá, cinco apareceram, entre
nós: o medo, a cólera, a dureza, a vaidade e a maledicência...
Como reconheces, nossos piores inimigos moram em nosso próprio
coração.
E,
sorrindo, finalizou:
—Dentro
de nós mesmos, será travada a guerra maior.
Do
livro “Luz acima”.
Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
---
ADVERSÁRIOS
Respeita
os adversários e honorifica-lhes as qualidades
com
o melhor apreço.
As
forças que não te protegerem os inimigos
não
te prestarão amparo algum.
Emmanuel
Do
livro “Caminhos”.
Psicografia
de “Francisco Cândido Xavier”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
(-: , Olá, seja bem vindo, se o seu comentário for legal, e não trouxer conteúdo agressivo, ele será postado.