Tema
da semana
“O
Suicídio e a Loucura”
de
06/05/2013 a 12/05/2013
Allan
Kardec
14.
A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida
terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade
que é o melhor preservativo contra a loucura e suicídio. Com
efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se deve à
comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem
de suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por
que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com
indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o
houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que
essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de
abalos a razão, os quais, se não fora isso, a conturbariam.
15.
O mesmo ocorre com o suicídio. Postos de lado os que se dão em
estado de embriaguez e de loucura, aos quais se pode chamar de
inconscientes, é incontestável que tem ele sempre por causa um
descontentamento, quaisquer que sejam os motivos particulares que se
lhe apontem. Ora, aquele que está certo de que só é desventurado
por um dia e que melhores serão os dias que hão de vir, enche-se
facilmente de paciência. Só se desespera quando nenhum termo divisa
para os seus sofrimentos. E que é a vida humana, com relação à
eternidade, senão bem menos que um dia? Mas, para o que não crê na
eternidade e julga que com a vida tudo se acaba, se os infortúnios e
as aflições o acabrunham, unicamente na morte vê uma solução
para as suas amarguras. Nada esperando, acha muito natural, mui- to
lógico mesmo, abreviar pelo suicídio as suas misérias.
16.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias
materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio;
ocasionam a covardia moral. Quando homens de ciência, apoiados na
autoridade do seu saber, se esforçam por provar aos que os ouvem ou
leem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão de
fato levando-os a deduzir que, se são desgraçados, coisa melhor não
lhes resta senão se matarem? Que lhes poderiam dizer para desviá-los
dessa consequência? Que compensação lhes podem oferecer? Que
esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se deve
concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única
perspectiva, mais vale buscá-lo imediatamente e não mais tarde,
para sofrer por menos tempo.
A
propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que
inocula a ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que
se constituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda
responsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida,
muda o aspecto da vida. O crente sabe que a existência se prolonga
indefinidamente para lá do túmulo, mas em condições muito
diversas; donde a paciência e a resignação que o afastam muito
naturalmente de pensar no suicídio; donde, em suma, a coragem moral.
17.
O Espiritismo ainda produz, sob esse aspecto, outro resultado
igualmente positivo e talvez mais decisivo. Apresenta-nos os próprios
suicidas a informar -nos da situação desgraçada em que se
encontram e a provar que ninguém viola impunemente a lei de Deus,
que proíbe ao homem encurtar a sua vida. Entre os suicidas, alguns
há cujos sofrimentos, nem por serem temporários e não eternos, não
são menos terríveis e de natureza a fazer refletir os que
porventura pensam em daqui sair, antes que Deus o haja ordenado. O
espírita tem, assim, vários motivos a contra- por à ideia
do suicídio: a certeza de uma vida futura, em que, sabe-o ele, será
tanto mais ditoso, quanto mais inditoso e resignado haja sido na
Terra: a certeza de que, abreviando seus dias, chega, precisamente, a
resultado oposto ao que esperava; que se liberta de um mal, para
incorrer num mal pior, mais longo e mais terrível; que se engana,
imaginando que, com o matar -se, vai mais depressa para o céu; que o
suicídio é um obstáculo a que no outro mundo ele se reúna aos que
foram objeto de suas afeições e aos quais esperava encontrar; donde
a consequência
de que o suicídio, só lhe trazendo decepções, é contrário aos
seus próprios interesses. Por isso mesmo, considerável já é o
número dos que têm sido, pelo Espiritismo, obstados de suicidar
-se, podendo daí concluir -se que, quando todos os homens forem
espíritas, deixará de haver suicídios conscientes. Comparando-se,
então, os resultados que as dou- trinas materialistas produzem com
os que decorrem da Dou- trina Espírita, somente do ponto de vista do
suicídio, forçoso será reconhecer que, enquanto a lógica das
primeiras a ele conduz, a da outra o evita, fato que a experiência
confirma.
VIDA
A
vida é imortal; não existe a morte.
Não
adianta morrer, nem descansar,
porque
ninguém descansa nem morre.
Marília
Do
Livro “Dicionário da Alma”
Psicografia
de Francisco Cândido Xavier
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