terça-feira, 20 de agosto de 2013

Amor e Sexualidade

Mensagem especial da semana

Alberto Almeida

Pergunta: “Têm sexo os espíritos?”

Resposta: “Não como entendeis, pois que os sexos dependem de uma organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos”.

(O Livro dos Espíritos, questão 200)

Entre as forças mais poderosas por nós conhecidas está a força sexual inerente à natureza, manifesta em todos os reinos da criação universal, desde o mineral até as culminâncias angelicais, em inabordáveis expressões.

O princípio espiritual, desde o início da sua caminhada evolutiva, traz a sexualidade manifesta em nível muito primário, até alcançar as dimensões mais complexas, quando o princípio anímico passa a se constituir Espírito, na sua simplicidade e na sua ignorância, ao despontar no reino hominal, agora apresentando uma sexualidade revestida de nova demanda de expressão, em face da nova posição evolutiva em que se encontra.

A energia sexual, então, embute no ser humano primitivo as características ancestrais conquistadas cumulativamente, tendo no instinto animal a sua última aquisição ainda a reger sua dinâmica existencial, mormente nas faixas mais primárias do seu desenvolvimento quando, de modo muito sutil, desabrocham as novas possibilidades que irão compor, com o tempo, a configuração do homem atual.

A sexualidade no espírito encarnado, mediado pela gratificação de que se reveste, tem como funções a reprodução, a troca de energias magnéticas entre os parceiros e a canalização do potencial criativo para outras finalidades superiores, quais as construções de obras da cultura, da arte, da assistência, da ciência, etc., com vista ao progresso infinito.

O amor é o penhor de garantia para o exercício de uma sexualidade centrado no equilíbrio e na harmonia.

Cabe ao amor assegurar a sustentação da energia sexual mantendo a ecologia intrapessoal e interpessoal, grupal e planetária, propiciadora de paz.

Desta feita, caso o amor não tome parte regendo o sexo, surgem, invariavelmente, várias perturbações que vão desde as alterações orgânicas até os transtornos psiquiátricos, incluindo os distúrbios socioemocionais e os processos obsessivos.

Portanto, com ausência de amorosidade, surgem:

1) Uma gratificação sexual centrada no gozo fisiológico propriamente dito, incitando o indivíduo a buscar relações para descarga de sua pulsão libidinosa, transformando suas reações em encontros meramente sexuais, cujo prazer se adstringe ao sexo de superfície; surge daí uma busca por compensação com relações diversificadas e/ou com aumento da frequência de cópulas, tentando-se, desse modo, contrabalançar a ausência de qualidade na gratificação afetivo-sexual por meio da quantidade de atos e/ou de parceiros sexuais.
2) Uma reprodução tipificada pela paternidade e maternidade irresponsável; ou então, a criminalização da própria existência quando a gravidez recebe um endereçamento pelas vias do lamentável aborto delituoso.

3) Uma união sexual com desperdício energético pela descarga libidinal, sem que haja a permuta magnética entre os parceiros da conjugação carnal, em face da ausência de compromisso afetivo, condenando o relacionamento à morte, pois que se reduz a uma interação estritamente corpórea, sem horizonte para evolução do acasalamento.

4) Um empobrecimento na utilização da canalização da energia criativa, pela escassez de amorosidade banalizando seu direcionamento, e ficando, muitas vezes, como rio caudaloso, sem o controle de uma usina moral, a promover enchentes e calamidades morais de consequências imprevisíveis para todos os que são alcançados pela sua inundação.

Entretanto, quando o amor está presente, conectado às funções da energia sexual, surgem:

1) Uma gratificação sexual que excede a de natureza fisiológica sem excluí-la, de vez que contempla prazer emocional, intelectual, espiritual, etc., transformando o relacionamento em interação plenificante; isto porque a pulsão sexual está inserida numa perspectiva de ecologia global do ser, configurando uma sexualidade de profundidade regida por valores ético-morais, plena de gratificações. Pela qualidade de que se reveste, inclina-se para uma configuração de fidelidade natural à monogamia.

2) Uma reprodução responsável, com assunção da paternidade e da maternidade, e com absoluta rejeição da prática criminosa do abortamento como forma de lidar com o produto da concepção.

3) Uma comunhão afetivo-sexual, com ampla troca de forças magnéticas como alimento em regime de reciprocidade, assegurando a sustentação do equilíbrio e da evolução crescente do relacionamento de acasalamento.

4) Uma adequada canalização das forças eróticas – quando experimenta a ausência de conjugação sexual direcionada para outras formas criativas de vida, caracterizadas pela produção do bem, do belo, do bom..., com vastas contribuições para a Humanidade.

Importante considerar que o sexo sem amor é mero impulso instintual constituindo o macho e a fêmea, destituído de valores intelecto morais como categorias que demarcam um novo estágio de manifestação do princípio espiritual, compondo o homem e a mulher como espíritos reencarnados, de modo a dar prevalência aos ascendentes de sua natureza espiritual sobre os de natureza animal que ainda carregam.

Muitos julgam está amando porque detêm um bom desempenho sexual; todavia, em não havendo amor, experimentam o enfado e a carência como quem esteja sentindo muita sede, não obstante estar tomando muita água... Porém, salgada!

Inúmeras pessoas tentam preencher as lacunas amorosas deixadas por figuras representativas de sua história infantil, mormente pai e mãe, por meio do sexo propriamente dito. Destarte, fixam-se em seus parceiros conjugais em processos de transferência psicológica, sem aquilatar, efetivamente, o quanto amam de fato aqueles aos quais se vinculam sexualmente pelo acasalamento.

Incontáveis indivíduos, julgando amar, tão somente buscam sua afirmação de gênero, procurando por meio da relação sexual, assegurar sua virilidade ou feminilidade, na tentativa de dissolver algum conflito da infância, quando foi colocada em cheque sua identidade sexual.

Incalculáveis almas cedem aos apelos sexuais na ânsia de suprir suas carências afetivas, sem que isto se constitua em solução; ao contrário, agravam suas demandas interiores, em face de seus parceiros de encontros eróticos comparecerem com uma sexualidade, às vezes, intensa, entretanto, destituída de qualquer amorosidade.

Várias pessoas procuram o sexo propriamente dito como a única fonte de prazer que se encontra disponível, sobretudo nas classes socioeconômicas mais despossuídas. Sucede, também, que, experimentando o gozo erótico, pensam está vivenciando o amor.

Frequentes espíritos guardam dificuldades de fidelizar o sexo ao amor, em face de terem vivido reencarnações repetidas alimentando condicionamentos poligâmicos em ambientes e culturas que estimulavam semelhantes procedimentos.

Afinal, quantas outras situações despontam no cotidiano comunicando uma fragmentação entre a sexualidade e o amor e determinando uma fragmentação entre a sexualidade e o amor e determinando um exercício da libido de maneira disfuncional, senão patológica, que agrava o sofrimento das almas sequiosas de plenitude amorosa.

Sexualidade é departamento do espírito, que não se situa numa parte do corpo, muito embora possa se expressar pelo aparelho genital. Contudo, mesmo quando genitalizada, precisa do balizamento de uma ética amorosa, sob pena de, ainda que produza gozo, vir a se transformar em pulsão de angústia e de vazio, de conflitos e sofrimentos, de compulsões e de transtornos diversos, contaminando a rede de relações afetivas em todas as direções.

No entanto, caso o amor guie a energia sexual, estabelece-se a harmonização e a plenificação do ser, exteriorizando felicidade e evolução, quando e onde o espírito esteja.

E, caso esta vida reflita o mau manejo da libido no passado reencarnatório, pela presença de dores ou de limitações, de exacerbações ou de falhas, de distúrbios emocionais ou de transtornos psiquiátricos, o amanhã será o futuro abençoado de realizações e de (re)encontros promissores, se a ética do amor sustentar o seu curso na atual existência corpórea.

Mestre, esta mulher foi apanhada, em flagrante, adulterando. Na Lei, nos ordenou Moisés serem apedrejadas tais mulheres. Portanto, que dizes tu?”
(...)Jesus(...) lhes disse: Quem dentre vós estiver sem pecado atire sobre ela a primeira pedra.”

(João, 8:4, 5 e 7)


Do livro “O amor pede passagem”


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