Tema da semana
“Provação”
De 17/03/2014 a 23/03/2014
Allan Kardec
Mundos de expiações e de provas
13. Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais,
pois basta observeis
o em que habitais? A
superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes,
indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos
que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem
consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se
mostram propensos constituem o índice de grande
imperfeição moral. Por isso Deus os
colocou num mundo
ingrato, para expiarem aí suas
faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido
ascender a um planeta mais ditoso.
14.
Entretanto, nem todos
os Espíritos que encarnam na Terra vão para
aí
em
expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos
que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se
desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de
certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais
esclarecidos.
Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir
dessa forma, são exóticos, na
Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem
constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degradados,
por algum tempo, para o meio de Espíritos
mais atrasados, com a
missão de fazer que
estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências
desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos
em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é
que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. E que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas
contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais
embotado.
15. A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando
todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio
para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos tem aí de
lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza,
duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades
do coração e as da inteligência. É
assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio
castigo redunde em proveito
do progresso do Espírito. - Santo Agostinho. Paris, 1862.)
A prova é um
remédio infalível para a nossa inexperiência. A Providência procede para
conosco como mãe precavida para com seu filho. Quando resistimos aos seus apelos,
quando recusamos seguir lhe os conselhos, ela deixa-nos sofrer decepções e
reveses, sabendo que a adversidade é a melhor escola da prudência.
Referência:DENIS, Léon. Depois da morte: exposição da Doutrina dos Espíritos. Trad.
de João Lourenço de Souza. 25a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - pt. 2, cap. 13
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