Tema da semana
“Orgulho e humildade”
De 24/03/2014 a 30/03/2014
Allan Kardec
Orgulho e humildade
12. Homens,
por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes
sobre as vossas cabeças? Desprezastes
a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis,
pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.
Generaliza-se o mal estar. A quem inculpar, senão a
vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas, como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos
males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas
consequências. Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.
Por que haveis de
ter
em maior estima
o que brilha e encanta
os olhos, do que o que
toca o coração? Por que fazeis do vício
na opulência objeto
das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer
parte um rico debochado,
perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para
ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho,
mal se dignam todos de
saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro
que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se
corrigirem de seus defeitos?
Dar-se-ia
o inverso, se a opinião
geral fustigasse o vicio dourado, tanto quanto o vicio
em andrajos; mas, o orgulho se mostra
indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de
cupidez e de dinheiro, dizeis.
Sem
dúvida; mas por que deixastes que as necessidades
materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se
acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequências.
Não
esqueçais que tal estado
de coisas é sempre sinal certo de
decadência moral. Quando o orgulho
chega ao extremo, tem-se um indicio de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os
soberbos. Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar
tempo a reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere
no orgulho para os advertir. Mas, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a
medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.
Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente
coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita,
Deus te envia poderoso remédio para
os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas
dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles
te dirão, com a autoridade da experiência,
quanto as vaidades
e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os
seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua
autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos;
que, finalmente, a humildade
e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno. - Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862.)
O orgulho é o
terrível adversário da humildade. [...]
Referência:KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon
Ribeiro da 3a ed. francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124a ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2004. - cap. 7, it. 11
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